Juventude Aniquilada


Juventude aniquilada


Jovem na vala tombado
a nada responde
porque foi baleado
agora não brinca
com as outras crianças
só se fala das suas andanças
que contava casos,
que enfeitava os vasos.
Para a vida sorria
como flor se abria
tinha confiança
tinha esperança.
Mas, lhe falaram de “uma alegria”
e como a tristeza afastar
e, com “amigos” ficava a zanzar.
Passou a aceitar um trago
que lhe diziam ser sem estrago.
Não falaram em viciar.
Não falaram em traficar.
Não citou a dependência,
nem que precisava experiência
pra lidar com aquilo tudo,
que ele teria que ficar mudo
sem dar bandeira,
e fugir da polícia ordeira.
Não lhe falaram nada
daquele conto de fada,
de uma amarga viagem
que destruiu sua imagem
agora na sarjeta
onde está a jazer.
Aquele pobre corpo
vai direto pra gaveta
do instituto médico legal
ser cortado como animal
pra explicar o que lhe restou
daquela vida errada
quantos tiros, quantas facadas
sua família não esta preocupada
ela queria era o filho vivo
aquele jovem no abrigo
onde nunca esteve por instantes
dali arrancado por traficantes
do seio da mãe, antes da hora
ela que não suporta e, chora
pois sonhava em buscar sua ovelha
e dizer bem perto à orelha
“eu te amo mesmo assim
então, volte pra mim!”
mas agora não, estava ele no chão
e a voz que falava era a do coração
que lhe restava ainda o consolo
de um amor muito forte
mesmo diante da morte,
então cansada, não esconde a dor
por perder aquele filho,
não, não! no peito da mãe
nunca morre o amor.




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