O Vinho e a Rolha

O Vinho e a Rolha

Como será que eu sonharia com você meu amor,
Assim de um jeito que no meu sonho você seria só minha,
Sem pensamentos pra outro amor,
Sem outros olhos a preocupar-me.
Só de imaginar que posso te perder, por momentos,
Já é o bastante para que a tristeza tome minha alma
E, eu não existo sem você.
Então penso, em meu sonho,
O melhor seria fugirmos pra bem longe,
Quem sabe, perto do fim do mundo,
Ou talvez em alguma ilha deserta,
Ou em uma praia virgem, que nada soube do amor
E, de suas malícias e, perversidades.
Assim como aquele sal, que só conheceu o mar
E, dali nunca saiu, toda a vida ali,
Perdidamente nos braços do mar,
Nunca temperou outras bocas.
Ou quem sabe, seria você um saboroso vinho,
Presa dentro de uma garrafa,
Selada com uma rolha,
Presa pela rolha, nos domínios da garrafa.
Mas, como o vinho, preso pela rolha que,
Determina, dá ordens, protege o vinho.
Se fosse eu a rolha, eu não precisaria fazer-te juras de amor,
Pois ali dentro, estaríamos juntos pra sempre, como no sonho.
Seus movimentos dentro da garrafa seriam sempre em minha direção,
E, eu sentindo o seu aroma deliciosamente.
Eu confesso que cheguei a pensar em ser a garrafa,
Que te possui como dona e, te leva pra onde quiser.
Mas, esta conclusão não batia com as minhas pretensões.
Pois, eu não quero ser o seu proprietário,
Mas, sim te amar, e somente te amar.
Eu não queria que fosse uma relação assim como
“A gaiola e o passarinho”.
Pois, não existe nada em comum.
A gaiola apenas prende o passarinho
E ainda, lhe tolhe a liberdade de amar.
O vinho não, este precisa da rolha, que lhe dá vida longa,
Quanto mais o mantém em seus domínios.
Assim é que te quero pra mim, não ver o tempo passar ao seu lado,
E, a cada dia vê-la mais linda e mais desejada, só por mim.
Por isto, eu queria ser a rolha e, seria você o meu vinho,
Eu iria armazenar só pra mim o seu aroma.
Assim como a flor e o perfume da flor,
Eu queria ser a flor, pra ser o dono do seu perfume
E, quando alguém perguntasse;
“de onde vem esse perfume?” Outro responderia;
“Vem da flor, este é o perfume da flor!”
A marca registrada do perfume.
Por isso eu decidi ser a rolha,
Que guarda só pra si, o sabor e a especialidade do vinho
Que muitos gostariam de conhecer, saborear,
Tocar nos lábios, como só eu posso tocar,
Eu, uma simples rolha,
Mantenho meus lábios molhados de teus beijos
E, guardo pra sempre o teu cheirinho gostoso de vinho,
E, não te deixo sair da minha vida, da nossa garrafa,
Feita só pra nós dois, amarmos, eternamente,
Como o Vinho e a Rolha.

Autor: Paulo Roberto